quarta-feira, 16 de março de 2011

Música e Informação

Partindo do preceito básico que tudo que o cérebro capta através dos sentidos básicos (visão, paladar, tato, audição e ofalto) é retido como informação, tanto para identificação instantânea ou para referência futura, é correto afirmar que música é informação. De acordo com o neurólogo J. Staliotto, os componentes musicais – isto é: melodia, harmonia e ritmo – ativam zonas diferentes do cérebro ao mesmo tempo e isso reforça o caráter “informativo” da música. Ora, sabemos ou não quando uma música é animada, triste, dançável ou romântica pela melodia. Estudiosos de Teoria Musical afirmam que determinados grupos de notas músicais fazem o cérebro reconhecer os atributos melódicos. Isso é reforçado, na maioria das vezes pelo ritmo: Uma música mais lenta geralmente é reconhecida como “baladinha”, algo mais romântico ou depressivo. E a harmonia? Atribuí-se à harmonia a parte lírica da música, ou seja, os vocais. As  letras, por si só, são informações à parte que (como o nome implica) se interlaçam com harmonia aos outros dois fatores.
           
Que música é informação, no sentido cognitivo, isso já não há dúvida. A pergunta é: Será possível informar, no sentido literato/jornalismo, através da música?

ANÁLISE: Amon Amarth- Twilight of the Thunder God
Diversos artistas e bandas trazem em suas letras, de forma direta ou não, as crenças que o compositor daquela letra. Vamos exemplificar com três bandas diferentes. Todas elas são bandas de Heavy Metal, gênero caracterizado pela alta velocidade das músicas e pelo peso das mesmas. Outra característica do gênero é a falta de especificidade das harmonias, ou seja, o heavy metal não tem um tema específico para suas letras (ao contrário de que muitos pensam) e apesar de ter sido concebido nos Estados Unidos, é um estilo que tem mais “adeptos” nos países europeus, especialmente Finlândia e Alemanha. A primeira delas é a banda Sueca Amon Amarth. Suas características mais marcantes são os vocais “guturais”, guitarras rápidas e letras sobre Vikings e suas crenças religiosas. Em uma das suas músicas mais conhecidas, a Twilight of the Thunder God (Crepúsculo do Deus Trovão em Inglês), a banda conta sobre a lenda/crença de Thor, Deus dos Trovões e Protetor da Humanidade e sua batalha contra a serpente que tinha o tamanho do mundo, Jörmungandr (pronuncia-se “iormunganDIR”), durante o Ragnarok – fim do mundo para povos nórdicos.
No refrão, isso fica bastante claro:

“Thor, filho de Odin
 Protetor da humanidade
 Cavalgue para seu destino
 Ele [o destino] te aguarda

 Thor, filho de Hlödyn
 Protetor da Humanidade
 Cavalgue para seu destino
 O Ragnarök aguarda!”
               
             
É interassante notar como a música aborda as várias formas que Odin era chamado, em especial nesse refrão, onde ele é chamado de “Hlödyn”
             
Durante as outras estrofes da música, os trechos da batalha da Serpente contra o Deus Trovão (que de acordo com a lenda, fora prevista por Odin, o Deus dos Deuses) são descritos, exatamente da forma como no poema épico Edda, que de acordo com as lendas, teria sido escrito por um vassalo de Odin:

“Vingtor se levanta para enfrentar
  A cobra com seu martelo ao alto
 No fim [borda] do mundo”

  Relâmpagos enchem o ar
  Enquanto o Mjöllnir faz seu trabalho
  A terrível serpente grita de dor”

                Novamente, há abordagem do aspecto multinominal dos deuses nórdicos, pois Vingtor é uma maneira alternativa de se dizer “Thor”. Isso é um fator bastante comum em várias mitologias e crenças, como por exemplo na epopéia mesopotâmica de “Gilgamesh”
Além disso, mais elementos folclóricos/crentes são colocados na letra, como o martelo que Thor usava, Mjöllnir, que de acordo com a lenda, era capaz de disparar relâmpagos e quando se chocava com algo produzia trovões. De acordo os membros do grupo, o objetivo da banda não é trazer uma mensagem diferente por música, mas sim mostrar ao mundo o que os Vikings e suas crenças foram, de verdade e “desesterotipar” e desmistificar a imagem do povo nórdico como “Barbudos brigões”, e sim como um “povo honrado, e que era violento apenas contra seus inimigos e inclusive, era muito limpo” . E de fato era assim. De acordo com o historiador Mark de Roesdahl, isso era uma interpretação errada que a Igreja Católica tinha do paganismo na época. E aquele costume de que “Sábado é dia de banho”? Acredite ou não, é um costume viking (que de acordo com historiador Roesdahl, ainda eram mais limpos que os próprios romanos).
Então, respondendo à pergunta: É possível usar a música para difusão de informações?
Sim. E muito.



Leon Cleveland Dias

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